quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
As viagens dentro da viagem ou Das perdas do caminho - em memòria de Andrei Minuzzo
Cada partida, cada chegada traz não um, mas muitos significados e conteúdos.
Nesta viagem trouxe comigo por 5500 km um pouco de uma amigo.
Em 3 de outubro do ano passado nos deixou alguém que amava a vida, a família e as motos!
Partiu desta vida um grande amigo, um irmão que a vida havia me levado e um parceiro de trabalho que algumas vezes me salvou ou protegeu a vida.
Naquele dia o Policial Rodoviário Federal Andrei Minuzzo partiu para sua última missão!
Como eu disse era alguém em quem eu confiava, alguém que eu tomava por irmão. Coincidentemente tinha a idade do irmão de verdade que a vida me levou ainda bebê (32 anos).
Aliás na véspera do acidente meus pais me ligararm e o velho me perguntou: Sabe que dia é hoje? Eu disse que não e tentei mudar de assunto, sabendo que era o dia em que meu irmão se vivo estivesse estaria a completar 32 anos.
O Andrei Minuzzo, para vocês que não o conheciam, era um cara grande, quase do meu tamanho, formado em biologia que era capaz de passar da energia necessária para abordar um criminoso a falar sobre a idade e os nomes científicos das espécies vegetais que habitam as margens da FreeWay (era vidrado em uma figueira “milenar” do lado direito de quem vai para a praia no km 57).
Com ele na equipe eu, as vezes, podia ser mais tranqüilo.
Ele era apaixonado por ajudar as pessoas, pelo trabalho na Polícia (dez anos de experiência), incapaz de falar mal de alguém (mesmo os merecedores), capaz de "sentar o dedo", com segurança, para defender a qualquer um, estranho ou não.
Juntos rimos um bocado, nos estressamos outro tanto.
Era Motociclista Batedor formado na última turma do curso da Polícia do Exército.
Minuzzo era vidrado em motocicletas e tinha por moto somente uma Twister porque estava com outras prioridades no momento.
Tinha o sonho de ter uma esportiva grande e se empolgou com a idéia de viajar de moto ao Ushuaia quando conversamos sobre isso.
Era de Vacaria, no norte do estado, e conhecia o trecho onde se acidentou como ninguém.
Mas quis o destino que ao passar por lá com a HD 1700 (RoadKing Police) perdesse o controle da moto e caísse se projetando junto com a moto para a faixa de fluxo inverso.
Eu estava subindo para Nova Petrópolis naquele sábado, de moto, quando colegas me avisaram do acidente e do ferimento no amigo.
Nunca fiz aqueles 50 quilômetros tão rapidamente.
Risco sem sentido para alguns, fazemos isso por desconhecidos, porque nenhuma vida nos é estranha e era para ajudar um amigo. Cheguei para encontrar um amigo sem vida.
Vocês não tem noção de como o mundo precisa de pessoas como ele.
Só peço a Deus que o esteja acolhendo bem e que continue a nos/me proteger ao fazer se aproximarem de mim pessoas com a qualidade dele.
Peço que minhas lágrimas passem para que eu possa continuar a trabalhar como ele tanto me ensinou.
Essa tragédia serviu para me lembrar que não sei muitas coisas.
Se tiverem alguma crença peço um prece por um Irmão.
Peço mais ainda que se cuidem muito pois tenho comigo um ditado que diz que a missão só termina com sucesso quando voltamos em segurança para casa.
Em conversa com seus pais Dona Erenita e Sr. Jones e sua irmã Tássia eles me entregaram um pouquinho das cinzas do Andrei. Elas nos acompanharam nesta última missão sobre rodas terrenas por esses milhares de quilômetros até os bosques em frente ao Glaciar Perito Moreno, local escolhido pela família para que as colocássemos. Fizemos nossas preces.e ali ficaram as cinzas a mim confiadas para se misturar a explosão de vida daquele lindo e majestoso lugar.
Dona Irenita, Sr. Jonis, Tássia, muito obrigado por nos permitir isso. Foi para mim uma honra que nunca esquecerei. Rezamos para que sua dor diminua e passe até ficarem só as boas lembrança do filho e irmão amado.
Para os mais atentos segue, desde o dia do acidente, o passador do cinturão do Andrei, atado ao bagageiro da moto me acompanhando e protegendo. É bom ver as pessoas perguntarem e eu ter a oportunidade de contar sobre o Minuzzo.
Se é verdade que alguns anjos usam asas e outros usam uniforme. Desde 3 de outubro passado temos um usando asas e uniforme. Espero que ele seja escalado na equipe de Batedores lá do Céu!
Ps. parte do texto foi enviado ao grupo VStrom Brasil em outubro de 2009
Fotografia inicial: cortesia da nossa amiga Ana
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Meu querido amigo Charles, saudações gaudérias,
ResponderExcluirEsse post reflete a essência do ser humano que vc representa para todos nós que prevamos da tua amizade e dispensa qualquer comentário.
E em homenagem a ao Minuzzu e a vc.
Reina profundo silência aqui pela coluna do Sul! Fique com o Supremo Criador. Fraterno motoabraço - Renato Lopes
corrigindo... "privamos"...a
ResponderExcluirAbç - Renato Lopes
O Guri
ResponderExcluirBela peleada,tens histórias para contar por long time,depois de 32 dias de estrada tinha minhas dúvidas se farias 1000 ml,grande performece 1702 km em 22,5 hs, me diga uma coisa não foi reconhecida aquelas 1000ml, em agosto, Rio Poa via Itanhanhem. um feliz retorno, te amamos muito
teus pais
oBRIGADA PELA LINDA E EMOCIONANTE HOMENAGEM DEDICADA A NOSSO QUERIDO E INESQUECIVEL FILHO ANDREI.QUALQUER DIA NOS ENCONTRAREMOS EM POA PARA TOMARMOS UM CHIMARRÃO E RELEMBRARMOS NOSSO GURI.SAUDADES.IRENITA E JONIS.
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