sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dia 36 - Santana do Livramento ao Lar (Porto Alegre)





Acordei tarde; arrumei a bagagem pela última vez. Saí de Livramento e só vim colocar os pés no chão novamente na loja do nosso amigo Beto Marshall (www.hypermoto.com.br ). Cansaço, nem pensar. A alma está renovada.
Beto foi um dos grandes incentivadores da minha volta ao mundo das motos. Sempre paciente foi ímpar em me assessorar na escolha de equipamentos e em me apresentar ao fantástico Grupo VStrom Brasil.
Cheguei tranqüilo e pensando em toda essa caminhada.
Em como Deus está em cada passo da mesma.
Desde meus pais, Charles e Celina, que me criaram forte de corpo e mente para suportar a tudo. Em fazer se aproximar de mim os amigos que me estimulam e desafiam. Muitos: seja no trabalho, na vida acadêmica, no mundo das motos. São tantos que certamente cometo injustiça deixando de citá-los um a um. Sintam-se todos citados aqui nos seguintes nomes: Felipe Klein a quem eu deixei na mão em novembro e ainda assim não poupou esforços em me orientar como precursor insubstituível; Marcos, Antonella e Vitor (todos Catânia) que foram pacientes em suas orientações – valeu muleke, seja bem vindo a este mundo – e dicas insubstituíveis e ao me lembrar como era a fé do Beto Marshall em nosso êxito; ao Marcelo Resende, meu “irmão” mineiro (separados no nascimento) que respondeu a todos os meus questionamentos sobre equipamentos e motos com paciência de quem é só da família e mora longe pode ser capaz (tornou viável esta expedição) e ainda Renato Lopes, colega de profissão e motociclistas (em ambos os campos com experiência e sabedorias infinitamente superior a minhas) leitor assíduo deste blog e como por dizer um preceptor impagável que com palavras bem medidas (dom natural) me balizou limites e me ajudou a enxergá-los como são, inerentes a mim e não motivo de vergonha; ao Andrei Minuzzo que me acompanha sempre e foi e será meu batedor. Deus continua presente em tudo e muito mais mas não poderia deixar de agradecer a ele ter feitos os riscos de seus planos trazerem até mim Suzete parceira de vida e esposa que me permite a fazer tudo isso! Valeu Senhor!!!
Na chegada o camarada Joadir, mecânico, de motocicletas, de mão cheia, com uma das oficinas mais bem montadas de Porto Alegre, me olhou com a roupa usada todos esses dias, a barba de todos esses dias e me disse que estava parecido com um conquistador voltando ao lar. Fiquei pensando sobre isso e acho que ele tem razão. O aspecto deve ser esse mesmo. É assim que me sinto, um conquistador voltando de sua campanha de batalhas, da guerra. O espólio que trago não se troca em ouro ou terras. Este são as amizades as experiências acumuladas a convivência intensa com a Suzete, comigo mesmo e La Poderosa II, com a estrada.
Já escrevi antes aqui e vou fazer de novo. Uma viagem dessas não é barata o custo é a mudança, ninguém volta o mesmo de 35 dias de estrada, dessas estradas, percorridas dessa maneira. Ela cobra o seu preço.
Esse blog não termina aqui. Segue!
Da viagem especificamente ainda vou falar sobre os equipamentos, os pneus e a moto e algo que tenha ficado em branco dos dias anteriores.
Agora é aproveitar a casa, curtir a família e voltar a outro prazer, meu trabalho.
Total do dia 500 km sem colocar os pés no chão.
Total da viagem: 13719 km em 36 dias, com segurança e prazer, pés no chão e a cabeça em meus sonhos.

Dia 35 – Fray Bentos a Santana do Livramento





Ontem por indicação do policial na entrada do Uruguai fiquei no parador Playa Ubici, que pertence à associação policial de Fray Bentos. Muito barato e muito simples. A comida preparada no restaurante da arrendatária Cecília estava muito boa. Carne muito suculenta. O local também tem infra-estrutura para pesca e os dourados que saem do rio Uruguai chegam a 15 quilos. A vista é linda mas compartida com a usina de processamento de celulose que a noite tem seu ruído projetado até o parador.
Depois na estrada vi que o agente da aduana uruguaia tinha razão: a pista que seguia em direção a Fray Bentos tinha em alguns trechos profundos trilhos causados por caminhões com excesso de peso. Estes danos se prolongam por muitos quilômetros e são a noite um risco efetivo para os motociclistas e mesmo carros mais leves.
Outro aspecto que preocupa e está relacionado à Botnia são os extensos campos plantados com eucalipto. Fora a questão do rebaixamento do lençol freático que não se pode negar com extensas plantação de eucalipto me preocupa a possibilidade faltar a carne uruguaia, que não se comprometam as parrillas grande instituição uruguaia nem o doce de leite.
Antes de Tacuarembó encontrei um argentino que havia me ultrapassado (e olha que eu estava andando forte para conseguir almoçar na cidade. O Peugeot 307 dele estava com as 4 rodas para o ar. Saiu de pista por conta do cascalho sobre a pista em uma obra de reforma. Felizmente ele e a esposa usavam cinto de segurança e só estavam tempo, mas devo ressaltar que a obra estava bem sinalizada pois eu vinha bem rápido (não posso falar a velocidade aqui porque minha mãe e minha sogra lêem esse blog) e consegui frear com tranqüilidade.
Almoço em Tacuarembó em homenagem ao cardápio preferido da Suzete.
Até o Brasil foi um pulo. Fiz minha última aduana e rumei para Livramento. Resolvi ficar e descansar, era tarde e não estava disposto a pilotar mais cinco ou seis horas.
Acho que mereço, ademais o ministério aprovou mais uma diária! Hehehe
Vim até La Picaña me despedir da parrilla uruguaia iluminado por uma lua que acabou de encher compleeamente. Daqui tento postar mas parece que essa rede tomoumais Patrícias do que eu.
Amanhã sigo viagem.
Total do dia: 471 km

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dias 33 e 34 – El Bolson a Capital Federal, Buenos Aires – 1000 Miles – IBA SaddleSore 1000











Não, não estou ficando preguiçoso com a aproximação do final da viagem.
Mas é que estes dois dias se emendararm.
Como avisei ontem, hoje iria tentar uma prova da Iron Butt Association's, uma associação de motociclistas localizada nos Estados Unidos (http://www.ironbutt.com). Motociclistas que gostam de estrada, longas distâncias; para quem a estrada em si, a viagem e estar só consigo e a moto são o bastante. As regras da associação prezam a segurança e o respeito às leis de transito não permitindo loucuras. É necessário estratégia e corpo e máquina em forma.
Em termos de planejamento começou mal o dia. As 9 da manhã estava correndo atrás de imprimir os formulários. As 9:35 fiz o abastecimento inicial que saiu como meia hora mais cedo. Depois só consegui a assinatura e o carimbo na delegacia de Polícia local as 10:00.
Sinceramente no começo da viagem achei que não iria conseguir, estava me sentindo cansado, sonolento. O dia estava muito claro, sol forte de doer os olhos. Como tudo tem suas conseqüências o dia claro me proporcionou ao longe a visão do vulcão Lanin: muito mpressionante.
Depois de Piedra de Áquila a temperatura começou a subir. Bateu e ficou na casa dos inacreditáveis 40ºC, em Neuquém, não abaixando mais. Foi duro. A moto sofreu eu sofri, abrir a viseira não adiantava pois o calor do bafo queimava o rosto. Foram centenas de quilômetro pilotando em pé para que as ventilações da roupa tivessem algum efeito.
Resolvi dar uma parada em Trenque Lauquem, faltando 450 quilômetros para Buenos Aires.
Efetivamente foi a melhor escolha. O começo da madrugada ainda tem muito movimento e é a hora que o cansaço está mais forte.
Acordei da siesta noturna bem disposto retornando à estrada vazia.
Entrei em Buenos Aires como um corredor do Dakar, andando em pé nas pedaleiras em pleno obelisco, Casa Rosada e 9 de Júlho. Legal ver as pessoas olhando, acho que a prova está se incorporando à cidade. Deviam estar pensando que eu estava muito atrasado. Mas eu sei que estava no meu tempo. Passada a curtição tratei de procurar um posto para abastecer e certificar o final da prova em uma delegacia.
Concluído as 8:50 da manhã com 1702 km.
É difícil falar disso para quem não é motociclista só posso garantir é muito bom apesar de parecer sem sentido para muitos. Acho que deve ser o mesmo prazer do alpinista ao conquistar sua montanha. Completar o Saddle Sore1000 foi muito prazeroso.
Mais uma etapa da viagem cumprida com sucesso.
Dei umas voltas em Buenos Aires aonde não vinha há muito tempo. Cidade de contrastes.
Almocei em Puerto Madero e fui dar uma olhada no BuqueBus, achei muito caro.
Resolvi ir por terra e encarar a Ruta 14. Buenos Aires vai ficar para um passeio com a Suzete.
Acho que a Camiñera de Entre Rios apitou para mim, mas como não fizeram o sinal de parada acho que foi só a emoção do guarda ao ver uma moto do Dakar. Voei para dentro de Gualeguaychú depois de ver uma viatura no sentido contrário com os luminosos acessos, tendo forte a esperança de que o passo para Fray Bentos estivesse aberto. Não estava. O movimento contra a instalação da indústria de papel Botnia, de origem Finlandesa, em Fray Bentos, persevera há 3 anos. Havia poucas pessoas na barreira e fui recebido pela Sra. Isabel que me falou sobre a mobilização e as reinvidicações e surpreendentemente me deixou passar.
Acho a preocupação deles justificada, assim como a do movimento contra as represas ao sul da Patagônia Chilena. Apesar de com relação à questão das represas ter minhas ressalvas.
A lenha é fortemente utilizada na região e o barulho de motosserras e se observado com cuidado se observam várias árias de desmatamento.
O pessoal das duas aduanas ficou surpreso em ver alguém ali. Diziam que há dias não passava ninguém. Nada como uma moto e uma boa história de viagem e conversa para abrir caminhos e porteiras e levantar barreiras fechadas.
Por advertência do agente da aduana uruguaia, que anda de moto, resolvi não seguir viajem, me disse que as estradas estavam ruim até Paysandu por conta dos caminhões de madeira.
Fiquei em um parador às margens do Rio Uruguai de onde se podia ouvir o som da Botnia.
Total dos dois dias 1950 km

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Dia 32 –Puyuhuapi a El Bolson










São como onze horas da noite e eu finalmente estou de banho tomado e esperando a minha janta. Cheguei a El Bolson e foi bem difícil conseguir um local para passar a noite. Estava quase apelando para a barraca.
Diria que o dia, em sua plenitude, foi indescritível. Durante o mesmo eu já estava a pensar: como vou escrever sobre isso tudo. Impossível escolher as palavras. Me perdoem meus leitores: o que vão ler agora é narrativa pobre do que foi o dia. Minha capacidade discursiva não alcança o que foi o dia de hoje.
Segue, pois, a tentativa.
Acordei em Puyuhuapi e dividi a mesa do café da manhã com dois israelenses e dois chilenos e duas francesas, todos na faixa dos vinte e bem poucos anos. Fiquei abismado com a cultura e o conhecimento de todos. Diria que com uma grande bagagem de conhecimento; muito diferente do estereótipo do jovem mochileiro. Tenho de rever meus conceitos com relação a isso.
Consegui sair bem cedo para os padrões da viagem 8:30 e o dia começou nublado mas sem cara de chuva. Estrada boa, mas mesmo com pouca velocidade sentia frio. Em La Junta resolvi colocar o forro também no casaco, pois ainda estava nublado e com possibilidade de chuva. Aliás para quem vier por essas bandas. Vale a pena esticar ou encurtar a pernada até Puyuhuapi, o rípio está muito bom e o local é muito mais agradável, a beira de um braço de mar que eles chamam de fiordo.

Um detalhe sobre a chuva e o rípio. No rípio pedregoso com muito cascalho, seixos ou o que seja a chuva atrapalha, é o mesmo que no paralelepípedo molhado. Há que se ter ainda mais cuidado. No rípio de pó de pedra ou pedras pequenas e chão batido por baixo ou no chão batido puro um pouco de chuva faz maravilhas. Todo aquele pó e pedriscos são compactado e o que fazia sua moto bailar para lá e para cá repentinamente se torna seu aliado.

A poeira também desaparece, o que na verdade para mim é pior pois a poeira é um indicativo dos carros que vem em sentido contrário. Postei aqui o problema que tive na descida para O’Higgins. Para detectar os carros em curvas também adotei outra técnica aconselhada por um dos ingleses de Coyaipe. Dar uma reduzida (zerada no motor) assim se pode ouvir o ruído de outros carros haja vista ser a estrada muito silenciosa. Só digo uma coisa sobre essa última dica: funciona

O visual da estrada é deslumbrante e durante o percurso o tempo foi mudando e fui obrigado a conviver com o céu da cor que estão vendo nas fotos.Tudo ainda mais bonito e essas fotos assim! Por volta das 11 horas estava tudo quente de novo e a fome estava aparecendo. Juntando a fome com o calor encontrei uma descida após uma ponte.
Anotem essa posição S43 34.589 W72 20.648, não sei o nome do rio ainda, mas era lindo. Lavei e comi as frutas (melhor almoço para quem vai viajar bastante depois do almoço) que comprei em La Junta e quando tirei a o casaco e a calça para remover os forros percebi que estava realmente quente o sol. O termômetro da moto indicava antes da parada 25ºC. Não é quente para nossos parâmetros mas naquele sol estava convidadivo. Lembrei que havia no bauleto das minhas roupas uma única peça que não havia sido usada: o calção de banho. E por que não, na dúvida entre a água gelada e seguir viagem fiquei com a água gelada. Foi o melhor banho gelado de minha vida, me levou a minha infância/adolescência quando ia para os sítios dos meus tios no interior de São Paulo, mas era a Carretera Austral. Não foi muito demorado porque estava frio até mesmo para cariocas de Bagé.Então antes que meu pé enrugasse demais fui dar uma lagarteada no sol para secar e seguir viagem. Cochilei. Depois vi que por 40 minutos.
Foi impagável. Inesquecível. Para mim bastou: fechou-se o ciclo.
O conjunto estrada, moto ficou ainda melhor. O dia já vinha ótimo e ficou perfeito. Estava me sentindo bem pilotando, as pequenas escorregadas já não assustavam mais, simplesmente eram corrigidas. A tensão que tomava conta durante os piores trechos de rípio diminuiu. Não me tornei mais hábil com a moto, ainda sou um motociclista com muito a aprender, mas acho que foi dado o primeiro passo para começar a aprender, a retomar o espírito motociclístico que existe em todos nós.
Aquela hora e meia parado a beira da Carretera foi mágica, divina. O apaogeu da viagem, só faltou mesmo a Suzete para estar ao meu lado ao vivo porque em pensamento ela estava ali.
O tramo até Futalefu, depois de Santa Lucia consegue ser ainda mais bonito.Montanhas enormes com seus cumes cobertos por neve com a base coberta por floresta exuberante; lagos e o Rio Futalefu muito bonito.
Cheguei a cidade de Futalefu que é muito simpática e até olhei o hotel indicado pelos amigos Felipe e Márcia em seu blog (www.rodamundomg.blogspot.com) mas na verdade era cedo, eu estava me sentindo muito bem e o ciclo, por hora, como disse, estava fechado.
Segui adiante e meu último rípio foi feito em alta velocidade e saudade e segurança (sempre).
A aduana foi rápida nos dois lados. Vim até El Bolson porque afinal, como os amigos já leram aqui, tenho prazo para não ser considerado desertor lá em casa.
Estou agora, com minha Quilmes Stout, lembrando com lágrimas felizes de todos esses dias, de como foram especiais.
Amanhã tentarei um teste de mil milhas do IBA: serão mil milhas em 24 horas. I’m a tough Guy (I hope so) e espero que tudo corra bem. Muito obrigado a todos vocês.
Total do dia 444 km.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Dia 31 – Coyhaique a Puyuhuapi















Café da manhã bem servido, com especial atenção dos donos da casa, e atualização do blog, pagamento de contas e responder alguns e-mails do serviço (coisas que lembram que a viagem caminha para o fim).
Mas ainda tenho de terminar a Carretera. Zarpei ao meio dia e os primeiros 112 km são de pistas pavimentadas com muitas curvas e um visual estonteante, já nasaída da cidade um belo mirador nos permite ver a beleza da região aonde está localizada a cidade. Temos também, acredite nas placas, muitas pedras caindo sobre a pista dos penhascos que a margeiam, por isso trafegava, sempre que podia, o mais próximo da faixa central.
Depois de 112 km, começa o rípio. E se temos dia de rípio de 5ª e até 6ª hoje foi dia de 1ª e 2ª, logo no início fomos recebidos pela motoniveladora como a lembrar quem manda no pedaço. Foram 22 km em uma hora e meia, mas quem se importa, o sol estava forte e a temperatura na casa dos 20 graus e parar para comer um lanche com calafates doces colhidos no pé com água fresca do degelo com o visual da 5ª e 6ª fotos de hoje é um privilégio que tem seu preço. Quem se importa com o rípio.
Depois mais 45 km de asfalto até a saída para Puerto Cisnes e o rípio recomeça, de todas as qualidades, mas em geral mediano, com buracos (o que significa que talvez em breve seja “recuperado” – aliás aprendi que quando se pergunta a quem não anda de moto ou bicicleta como e estes respondem que está “bueno” é porque em geral está “malo”.
A viagem seguiu tranqüila, mas na manha, muitas curvas e uma serra com caracóis onde em 17 km se sobem 460m e se descem outros 500 pedem um pouco de atenção.
Foram muitas as paradas para fotos, conversar com as pessoas e curtir a paisagem.
No dia de hoje vi mais motociclistas e conheci o Ingo, um alemão de Colônia, viajando com a namorada peruana e que deve passar por Porto Alegre na volta de Ushuaia; viaja desde o Peru em uma DR800.
No caminho o parque do Ventisqueiro Colgante, lindo e imponente. Vale gastar um tempo no mesmo.
Na chegada a Puyhuapi encontrei um grupo de amigos chilenos da região de Osorno passeando: Carlos e Felipe (Varadero), Max (Transalp), Ignácio (Aprilla Caponord), Carlos (Teneré) e Andreas (KTM). Um grupo divertido: jantamos juntos e conversamos sobre, como não podia deixar de ser, sobre motos e viagens de moto e muitas outras coisas. Linda a Caponord, que tem ABS desligável e estava com escapamento Vince; a Teneré é diferente mas o proprietário me disse que é outra moto, com chassi e suspensão diferente da XT660 com um desempenho muito bom. É impressionante como a estrada e as motos criam uma facilidade de comunicação entre as pessoas.
Tentei ficar no Hostal Alemania indicado pelo Amigo Ramon, muy bueno à beira do “fiordo” mas estava sim habitaciones.
Fiquei então a Hospedaje Don Luis (hospedajedonluis.2009@hotmail.com) na Diego Portales 5, simples mas com tudo novinho pois foi inaugurada em outubro, barata e o quartos onde fiquei tinha vista para o fiordo. O senão é que o banho é compartido para dois quartos e tem meio baixo o teto.Mas compensado por um preço muito pequeno. Seu Luis, o proprietário, me disse que estão com muitos desempregados na região pois uma doença matou todos os salmões da indústria da piscicultura que era o forte da atividade econômica local junto com a pesca.
Total do dia 237 km em 7 horas

domingo, 24 de janeiro de 2010

Dia 31 – Puerto Tranqüilo a Coyhaique












Acordei pensando no passeio às Capilas de Marmol. Fui até os quiosques que vendem as excursões e nada. Ou excursões particulares ou não havia grupos para ir. Esperei como uma hora e meia e nada. Então voltei ao hotel para desocupar o quarto pois o passeio demoraria para sair, aparentemente, e para voltar pois toma cerca de uma hora. Deixei meu nome agendado nas duas agências que estavam abertas para me chamarem no hotel. Ao ir colocar a bagagem na moto percebi a novidade do dia. O pneu traseiro estava vazio. Bate um frio na barriga. Apesar de ter todo o equipamento nunca havia consertado eu mesmo um furo e ainda não sabia o tamanho do mesmo. Mas enquanto empurrava a moto até um lugar firme imaginei que o furo não deveria ser muito grande pois estava cheio ontem a noite.
E de fato foi tranqüilo o reparo, melhor ainda quando chegou o cara da gomeria, que fica do outro lado da cidade (3 quadras) e perguntou se eu iria precisar de ajuda e oferecendo os serviços; eu disse que não que estava tudo bem. Então ele me disse que a espuma de reparo não é muito boa ao que eu respondi que não iria usar espuma mas reparar o pneu. Ele ficou meio incrédulo acompanhando e dizendo que eu precisaria de água para achar o furo. Eu simplesmente torcendo para tudo funcionar e não ter de pedir pinico para o Tião Borracheiro. E funcionou! Incrível. Até um pneu furado é motivo de alegria, uma pequena vitória sobre você mesmo e as adversidade.
E para terminar consegui um lugar em um barco junto com um grupo de jovens israelenses devidamente acompanhadas por seu guarda costas. As capelas são lindas, assim como a catedral de mármore. Quem passar por aqui não deixe de fazer o passeio.
Na volta do passeio muita emoção pois o vento engrossou e a superfície do lago encapelou com umas boas ondas. Por sorte estava com a roupa da moto pois todos estavam molhados. Eu também, mas o normal, só por fora.
Depois do almoço conheci o John Broomhall (www.broomhall.ca), um senhor canadense viajando solo em VStrom 650, desde Alberta. Já estava a me perguntar por onde andam os motociclistas da carretera. Ele comprou seu terreno na Ruta 40 mas seguia firme com a viagem.
Depois peguei a estrada, rípio de todos os tipos, uma inimiga dos motociclistas – a patrola – e alguns pedaços excepcionais de estrada. Na verdade assim como existem aqueles dias em não está tão bem sobre a moto ontem foi um daqueles em que tudo estava perfeito. Melhor ainda porque acompanhado de paisagens maravilhosas. No final mais 100 km do bom concreto chileno.
Em Coyhaique algum trabalho para encontrar hotel, aliás caros, por não constarem no mapa do MapAr mas com a ajuda de um taxista localizei o local dos mesmos na cidade. Acabei escolhendo o Hostal Doña Eloisa (donaeloisa@hotmail.com av. Baquedano 792, tel: 067-250798). Instalações novas e bom preço.
Depois de um banho fui até o hotel ao lado bater papo com um grupo de ingleses que viajam em cinco motos, dois deles com as esposas, alguns desde o Alaska. Muito boa a conversa que rendeu muita troca de informações e papo sobre motos, principalmente BMW, pois eram todos Beemers.
Acabei conseguindo um mapa do Chile, o ConoSur que se mostra mais completo assim como forneci para eles a última versão do TRC Brasil.
A conversa rendeu até tarde e acabei ficando sem comida mas aí a senhora Margot, proprietária junto com o marido Angel e o filho Rodolfo, me preparou um lanche sem que eu pedisse, quando já me preparava para ir para a cama com fome.
Um dia perfeito com 214km.