quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dias 33 e 34 – El Bolson a Capital Federal, Buenos Aires – 1000 Miles – IBA SaddleSore 1000











Não, não estou ficando preguiçoso com a aproximação do final da viagem.
Mas é que estes dois dias se emendararm.
Como avisei ontem, hoje iria tentar uma prova da Iron Butt Association's, uma associação de motociclistas localizada nos Estados Unidos (http://www.ironbutt.com). Motociclistas que gostam de estrada, longas distâncias; para quem a estrada em si, a viagem e estar só consigo e a moto são o bastante. As regras da associação prezam a segurança e o respeito às leis de transito não permitindo loucuras. É necessário estratégia e corpo e máquina em forma.
Em termos de planejamento começou mal o dia. As 9 da manhã estava correndo atrás de imprimir os formulários. As 9:35 fiz o abastecimento inicial que saiu como meia hora mais cedo. Depois só consegui a assinatura e o carimbo na delegacia de Polícia local as 10:00.
Sinceramente no começo da viagem achei que não iria conseguir, estava me sentindo cansado, sonolento. O dia estava muito claro, sol forte de doer os olhos. Como tudo tem suas conseqüências o dia claro me proporcionou ao longe a visão do vulcão Lanin: muito mpressionante.
Depois de Piedra de Áquila a temperatura começou a subir. Bateu e ficou na casa dos inacreditáveis 40ºC, em Neuquém, não abaixando mais. Foi duro. A moto sofreu eu sofri, abrir a viseira não adiantava pois o calor do bafo queimava o rosto. Foram centenas de quilômetro pilotando em pé para que as ventilações da roupa tivessem algum efeito.
Resolvi dar uma parada em Trenque Lauquem, faltando 450 quilômetros para Buenos Aires.
Efetivamente foi a melhor escolha. O começo da madrugada ainda tem muito movimento e é a hora que o cansaço está mais forte.
Acordei da siesta noturna bem disposto retornando à estrada vazia.
Entrei em Buenos Aires como um corredor do Dakar, andando em pé nas pedaleiras em pleno obelisco, Casa Rosada e 9 de Júlho. Legal ver as pessoas olhando, acho que a prova está se incorporando à cidade. Deviam estar pensando que eu estava muito atrasado. Mas eu sei que estava no meu tempo. Passada a curtição tratei de procurar um posto para abastecer e certificar o final da prova em uma delegacia.
Concluído as 8:50 da manhã com 1702 km.
É difícil falar disso para quem não é motociclista só posso garantir é muito bom apesar de parecer sem sentido para muitos. Acho que deve ser o mesmo prazer do alpinista ao conquistar sua montanha. Completar o Saddle Sore1000 foi muito prazeroso.
Mais uma etapa da viagem cumprida com sucesso.
Dei umas voltas em Buenos Aires aonde não vinha há muito tempo. Cidade de contrastes.
Almocei em Puerto Madero e fui dar uma olhada no BuqueBus, achei muito caro.
Resolvi ir por terra e encarar a Ruta 14. Buenos Aires vai ficar para um passeio com a Suzete.
Acho que a Camiñera de Entre Rios apitou para mim, mas como não fizeram o sinal de parada acho que foi só a emoção do guarda ao ver uma moto do Dakar. Voei para dentro de Gualeguaychú depois de ver uma viatura no sentido contrário com os luminosos acessos, tendo forte a esperança de que o passo para Fray Bentos estivesse aberto. Não estava. O movimento contra a instalação da indústria de papel Botnia, de origem Finlandesa, em Fray Bentos, persevera há 3 anos. Havia poucas pessoas na barreira e fui recebido pela Sra. Isabel que me falou sobre a mobilização e as reinvidicações e surpreendentemente me deixou passar.
Acho a preocupação deles justificada, assim como a do movimento contra as represas ao sul da Patagônia Chilena. Apesar de com relação à questão das represas ter minhas ressalvas.
A lenha é fortemente utilizada na região e o barulho de motosserras e se observado com cuidado se observam várias árias de desmatamento.
O pessoal das duas aduanas ficou surpreso em ver alguém ali. Diziam que há dias não passava ninguém. Nada como uma moto e uma boa história de viagem e conversa para abrir caminhos e porteiras e levantar barreiras fechadas.
Por advertência do agente da aduana uruguaia, que anda de moto, resolvi não seguir viajem, me disse que as estradas estavam ruim até Paysandu por conta dos caminhões de madeira.
Fiquei em um parador às margens do Rio Uruguai de onde se podia ouvir o som da Botnia.
Total dos dois dias 1950 km

2 comentários:

  1. Êba! Buenos Aires! Quando? Já posso fazer a mala?

    ResponderExcluir
  2. Caro amigo e irmão Charles, saudações gaudérias,

    Quero parabenizá-lo com entusiasmo por mais essa consquista e demonstração de superação. Pois sabemos bem com é realizar uma prova da Iron Butt após uma longa jornada, onde nossas forças já minadas pelo cansaço. Algum dia li em minhas leituras de aprendiz, que "Forti nihil difficile"! E vc sem demnostrou com sabedoria seru um. Meus cumprimentos e seja bem vindo a essa legião de malucos de boa cabeça rssss - Fraterno motoabraço. Renato Lopes

    ResponderExcluir