terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Dia 26 – El Calafate a Bajo Caracoles








O que dizer do dia de hoje?
Cansaço. Estou moído. Foram 285 km de rípio na mítica ruta 40.
Depois de Três Lagos, aonde começa o rípio, as condições eram péssimas.
No posto da cidade ainda reencontrei 2 chilenos que já havia encontrado antes, na Terra do Fogo, com as respectivas esposas em duas GS Adventure, que ao observar melhor notei que estavam com suspensões modificadas da marca Ohlins, que, segundo os mesmos, permite respostas mais rápidas do sistema. Seus pneus fora de estrada estavam em bom estado na frente e bem desgastados atrás. Como íamos para o mesmo destino pensei em acompanhá-los . Mas só pensei: não se passaram nem 10 minutos e eu nem os via mais. Acho que os caras aprenderam a andar de velocípede no rípio.
Na conversa no posto eles repetiram o que já havia lido na lista VStrom, da qual faço parte:_Para o fora de estrada é melhor utilizar pneus fora de estrada, se tiver de escolher um prefira o dianteiro.
Assim eu mesmo com a moto mais leve continuei sem controle da mesma, a frente dançava muito, bastava ela passar sobre um pouco de areia ou rípio solto que lá se ia a frente à sua vontade eu eu atrás, tentando ficar em cima, rezando.
Mas nada como a baixa velocidade.
Depois o rípio melhora um pouco, mas o vento piora muito, muito mesmo. Sendo impossível manter a moto na ruta. Sai de pista mais de quinze vezes, pois não adiantava virar muito o guidom da moto pois eu perdia a frente.Ao ver que o “acostamento” do leito de cascalho era o destino só me restava frear e torcer para sair do trilho em baixa velocidade. Pedalei muitas pedras. Subi o barrando de cascalho diversas vezes. Machuquei a perna tentando ficar de pé, depois adotei a técnica de deixar a moto abaixar sem fazer muita força para depois levantá-la. Assim saímos sem se machucar eu e a moto. De que serviu o bom pneu traseiro? Ajudou frear com eficiência e a subir de volta para a carreteira depois de sair de pista. Sem ele ia ter de descer e empurrar a moto com muito mais esforço.
Juro que algumas, e não foram poucas, vezes pensei: o que estou fazendo aqui? Ou quando machuquei (família foi de leve, nada como um dorflex e calminex, já sarou ok) a perna e tive de sentir mais dor para levantar a moto tive vontade de chorar e chamar a minha mãe. Mas Ruta 40 e terra onde o motoqueiro chora e a mãe não ouve.
Como chorar e não ser ouvido de nada adianta seguia em frente.
Levei 12 horas para cumpri o trecho. Muito? Certamente, mas como disse o chileno da Adventure, isso aqui é como o Dakar, o importante é chegar. E eu cheguei.
Podre, mas cheguei.
Bajo Caracoles tem dois hotéis, o ruim e o muito ruim. A ruim não tinha mais lugar, como não dava tempo de montar a barraca sobrou o outra.
Os chilenos da Advneture deram a dica de Lago Posadas, 70 km depois, muito bonito segundo eles, mas eu não tinha mais condições de pilotar.
O legal foi conhecer o Sascha (www.saschagrabow.com), um tenista profissional alemão, dando um tempo de sua carreira, viajando a 10 meses no esquema pouco dinheiro. Ele falou que no Brasil isso não é possível porquê não se consegue pegar carona pelo medo das pessoas. Pior que tem razão. WQuem daria carona para um alemão com cara de louco, mas gente boa com uma mochila gigantesca?
Total do dia 501 km

Ps. O trecho intermediário de asfalto está sendo ampliado até Bajo Caracoles e quem resolve fazer o passo por Perito Moreno tem metade dos 100 km de asfalto, mas pega a Carretera Austral mais para cima

Um comentário:

  1. É brincadeira... já trocou uma das alemoas por um alemão!!!

    Pensando bem: tá bom assim (antes um alemão que outra alemoa...).

    Lindas fotos!

    Bjossssssssss e SE CUIDA!

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